domingo, fevereiro 03, 2008

Um novo nem tão novo assim...

Considerando um certo misticismo que trago dentro de mim, resolvi mudar o nome deste espaço, na firme expectativa de que um novo nome, pra um velho blog abandonado, reacenda meu hábito, não tão assíduo, de escrever. Às vezes, tenho uma certa resistência em escrever, do mesmo jeito que relutei em decidir fazer psicoterapia. Neste último caso, fui atropelada por alguns acontecimentos nefastos que não me deixaram outra alternativa. Sempre negligenciei minhas angústias, minhas dores, meus problemas... Na verdade, tendia a minimizá-los e, "jogá-los embaixo da cama", pra tentar resolver depois... Um dia, não cabia mais nada embaixo da cama, tudo começou a escorrer, desabar, rolar pela minha cabeça, sem controle... Não tive escolha: chego eu no consultório com um monte de nós pra desatar, buscando o tão almejado auto-conhecimento. Primeira descoberta: nas primeiras sessões, descobri que não sou paciente (!!!!!!!!!!!!!) . Eu jurava que, com um pouquinho de esforço, eu poderia ser budista. Não era nada disso... Percebi que conhecer a si próprio é extremamente doloroso. A diferença é que é uma dor guiada (digamos assim). Um processo "cirúrgico" (sem anestesia, diga-se de passagem) que vai impedir complicações futuras e deixar uma cicatriz só.
Provavelmente, como escrever também é um exercício de auto-conhecimento, eventualmente, adio as dores. Inclusive porque em certas horas, o silêncio expressa mais fidedignamente os estados de espírito (sombrios ou não). De volta à labuta verbal, vou tentar registrar esse caminho, apreciar as luzes interiores, as esperanças, as preciosidades, as confissões, os bálsamos, as floras que contenho. Certa vez, recebi uma mensagem de alguém muito querido, com quem gostaria de ter mais contato. Era uma frase de D. Hélder que dizia: "Se as pessoas te pesam nos ombros, leve-as no coração." Palavras muito marcantes que tenho tentado transformar em um dos lemas da minha vida. Hoje, outra mensagem trouxe mais reflexões. Enviada por Lu, a diva menor (termo relacionado a tamanho físico mesmo, porque é uma das baixinhas mais charmosas que conheço, de alma grande e bela), ei-la (como diria Veri):
"a água se ensina pela sede;
A terra, por oceanos navegados;
o êxtase, pela aflição;
A paz, pelos combates narrados;
O amor, pela cinza da memória
E, pela neve, os pássaros".
(Emily Dickinson)
A vida segue, deixando seus rastros de beleza e dor, transformando tudo em volta. A "cara" do blog, assim como o nome, mudou. Achei que não faria sentido montar um novo blog mas modificá-lo, assim como o tempo fez comigo, desde que inaugurei este cenário.

Um comentário:

Luciana Marinho disse...

amei a sinceridade em tuas palavras. essa foi a primeira luminosidade que captei aqui. sinceridade acrescida de uma leveza em tratar do humano, seja ele desdobrado em flor, ruínas, fé - segunda luminosidade. depois me deparei comigo mesma citada por você. eis a terceira: palavras me abraçando através de teu olhar iluminado sobre mim.
grata!