segunda-feira, setembro 19, 2011

Meninos

Engraçado é que tem um assunto do qual eu nunca falei aqui. É um tema controvertido: que envolveu muita dor, acompanhada de muita emoção. Falo do episódio de parir. Quando eu soube que estava grávida, além de ficar feliz, depois de quase um ano de tentativas, eu pensei: “Ai, como ele vai sair daqui!?” Eu sabia como, mas a situação dá um medo... Eu sempre quis ter filho por parto natural. Imaginava que seria como a minha mãe, que já chegava ao hospital botando a cria pra fora. Engano: o processo foi induzido, por causa de uma diabetes gestacional, e passei quase quinze (!) horas em trabalho de parto. Pensei que iria morrer de tanta dor e já tava entregando a alma pra quem quisesse (caso Deus estivesse muito ocupado...). Sem exageros, eu pensei que meu filho iria ficar sem mãe. Não dá pra descrever a dor, é inútil tentar, por isso nem vou me ater a essa parte. A questão é: tem dores que a gente escolhe. Horas de dor representam pouco diante da maravilhosa sensação de estar com uma vidinha crescendo na barriga, de sentir o bebê mexendo, de vê-lo pela ultrassonografia, de imaginar a carinha dele e finalmente estar com ele nos braços. Primeiro aquela criaturinha toda cinzenta, parecendo que tinha sido mergulhado no cimento fresco (perdão pela aparente falta de sensibilidade), chorando, entrando em contato com o mundo exterior pela primeira vez. Depois aquele bebê rosado, tranqüilo, bochechudo no seu colo. Chorei deveras. Emoção indescritível. Resumo da ópera: algumas dores valem a pena porque os amores significam muito.

Nenhum comentário: