sábado, agosto 14, 2010

A dama (o filho da dama) e o vagabundo


Ontem: sexta-feira, 13, do mês do cachorro louco. Dia malogrado para os supersticiosos. Dúvidas à parte, tive sorte ontem. Eis o acontecido: fui buscar meu filho na escola, depois, passei na padaria, como de costume e seguimos pra casa, conversando. Ao entrar numa rua, avistei um cachorro na calçada de uma casa. Detalhe: este cachorro sempre está lá, dormindo no pé do portão. Sempre! Mas, desta vez, ele estava acordado. Quando passamos, o portão se abriu e dali surgiu outro cachorro. Eles vieram em nossa direção. João se assustou e eu o coloquei nos braços. Falei calmamente no ouvido dele que eu estava ali e não deixaria que nada de mal acontecesse com ele. Parei e fiquei quieta. Ele ficou calmo. O dono dos cachorros chamou os seus bichos. Voltei pensando na minha reação: não tive medo e mantive a calma. Uma calma estranhíssima. Tenho certeza que eu não deixaria que aqueles cachorros mordessem João. Eles poderiam me esquartejar mas eu encontraria um lugar pra colocar meu filho a salvo. Achei engraçado isso. Nosso instinto de sobrevivência volta-se pra salvaguardar outra pessoa. Não tive medo de morrer espedaçada (com todo o exagero que essa idéia possa ter). Tive medo de não conseguir proteger o meu filho. Felizmente, foi só um susto. Ficamos inteiros e voltamos tranquilos. Outro detalhe: quando eu era criança, fui mordida por um cachorro, depois de tentar colocar umns óculos nele (eu tinha certeza de que, quem era cego, podia milagrosamente enxergar ao usar esse objeto). Tomei vacina antirrábica e sempre quis manter esses bichos à distância. Qualquer cachorrinho me assustava. Esse medo não existe mais.

Nenhum comentário: