sexta-feira, setembro 01, 2006

Amor de muito


Hoje recordo aqueles longíquos dias lá em Xaréu... Entre umas cervejas e uns caldinhos de marisco no Bar Lua e Estrela, de Pena, invariavelmente vinha aquela música do CS&NZ: "a menina esperava seu homem chegar/e olhava todo dia a linha do mar/ele só quer escutar o que ela quer dizer/ela sabe do desejo do seu coração/ aí ela disse: 'vai querer'?" Além da memória, as fotografias também falam de momentos distantes no tempo, em que eu olhava pro lado e sentia que o meu homem tinha chegado, se não do mar mas pelo menos das areias de Olinda, onde em outro setembro, estávamos reunidos pra encher a cara de uísque (roubado por um de nossos amigos da coleção etílica do pai), ao som do violão (do mesmo amigo, fornecedor de uísque), numa bela noite de lua, depois de umas cervejas quentes e uns "carreteiros" no Bigode, seguidos de uma pizza no extinto Pequiá.
Bons tempos aqueles, em que uma cervejada parecia o mais grandioso deleite, seguido de todas as possibilidades lúdicas que uma farra quase sempre proporcionava. Mesmo com todas as obrigações acadêmicas, a boêmia imperava: entre cachaçadas e ressacas, tudo era possível de cumprir. Durante o semestre mais estressante da faculdade, eu bebia quase todos os dias no bom e velho Bigodão e mesmo assim dava conta das exigências de todas as disciplinas. Hoje, se eu bebesse um terço, seria candidata provável a entrar em coma alcóolica. Mas o Bigode, cenário de inocentes pequenas loucuras, segue como uma saudosa lembrança, já que hoje ele continua existindo, porém, irreconhecível. Se meu paladar não encara mais cerveja quente, minha consciência e minha idade também não permitem os desvarios do passado. Mas sinto falta daquela época em que me deslumbrava com os poemas marginais de Miró, recitados em inesperados e surpreendentes gritos, das calouradas da UFPE, da sensação de um coração cheio de amor e esperança. O amor ainda preenche meu coração mas é um outro amor. E o homem? Acho que voltou pro mar... Pra terminar, escolho Neruda: "... tão breve o amor, tão longo o esquecimento."

Um comentário:

Anônimo disse...

Sugar, vou ao mar mas volto. É só um refresco. E utilizando do seu artifício, tb vou usar CS&NZ:
"Eu sou um carangueijo e estou de andada.
(...) Em vez de cair em suas mãos; preferi seus braços...
(...) Prometo meu amor: eu vou me regenerar."
Baby, tu és minha Risoflora!